Se tem um setor da economia doméstica que não tem decepcionado em resultados, mesmo no período de turbulência pelo qual tem passado o mercado brasileiro, este é o de franquias. No último ano, o franchising brasileiro cresceu 7%, apesar do cenário totalmente adverso.

A trajetória ascendente também se manteve no primeiro trimestre deste ano: avanço nominal foi de 5,1%, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). O segredo deste desempenho, revela o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Júnior, é fruto de um conjunto de fatores. “Nos últimos três anos, as marcas se voltaram muito para a necessidade de vender mais, e isso fez com que novos produtos e serviços fossem ofertados. Essa revisão de portfólio de produtos e serviços trouxe um incremento de diversidades para os consumidores”, comenta. “Outro ponto é o próprio sistema, que é muito virtuoso, justamente porque, ao trabalhar em rede, favorece a demanda e fortalece o poder de compra.

Atrelado ao poder de exposição, que foi muito explorado pelas franquias nos últimos anos nas mídias e redes sociais, as marcas conquistam visibilidade e ganham em poder de escala, favorecendo toda a cadeia”, complementa o presidente. Aliás, o próprio momento de crise pode ser uma oportunidade, pondera Cristofoletti Júnior. “Estamos vivendo um momento de mudança da maré: inflação baixa, crescimento do PIB, recuperação dos índices de confiança. Tudo isso em um ambiente com custos mais baixos, especialmente nos relacionados a imóveis. Logo, é um ótimo momento para investir e estar posicionado para a nova curva de crescimento que se avizinha”.

Além dos tradicionais segmentos de alimentação, educação e moda, outros setores também têm se destacado neste mercado, apontando o que pode ser tendência para os próximos anos. “Serviços, saudabilidade (saúde/fitness), hotéis e turismo têm apresentado bom desempenho e devem se manter no radar nos próximos anos”, conta Júnior.

Brecha no mercado

Em cenários mais nebulosos, a obtenção de crédito é sempre um desafio. E foi justamente nesta seara de serviços financeiros que a Federal Invest, uma das maiores redes de factoring do País, encontrou um nicho que tem feito com que a empresa tenha registrado avanço de 35% nos últimos dois anos na procura de seus serviços, e 20% ao ano, por ano, nos últimos três anos, em número de unidades franqueadas. “Falta crédito no mercado. E não é apenas porque o acesso ao financiamento está caro, mas porque as empresas tem dificuldade em obter financiamento, justamente pela dificuldade. No cenário atual, cerca de 60% das empresas estão inadimplentes”, comenta Renato Junqueira, presidente da Federal Invest.

O crédito para o consumidor também ganha espaço. A CredFácil, rede de franquias de empréstimos financeiros, cresceu 28% em 2017 e projeta alta de 35% para este ano, explica André Oliveira, diretor da rede.

Mas custo de vida nem sempre é o que mais pesa na balança. Mesmo ofertando produtos de valores mais elevados, a rede da Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis têm ganhado espaço e a procura pelos produtos tem crescido em média 30% ao ano. “A informação tem contribuído para a formação do nosso público. O consumidor sabe que, por mais que o produto seja um pouco mais caro, ele ganha em saúde e economiza com remédios e médicos”, pondera Artidonio Oliveira, gestor de franquias da Terra Madre.